E por falar em inclusão...

                                                                                                      Fonte: A Fundamentação Filosófica 2

          A concepção contemporânea de 1948 da DECLARAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS chamou a atenção dos povos do mundo todo no reconhecimento da igualdade dos seres humanos. Foi com esse espírito de igualdade, que as políticas se voltaram para práticas centradas nas questões sobre adversidade dos sujeitos de direito e a importância de se trabalhar com a perspectiva inclusiva. A mesma, levantou vários questionamentos e reflexões, principalmente o desrespeito aos portadores de necessidades especiais, já que os mesmos também sujeitos de direitos, eram colocados a margem da sociedade, “maltratados”, “humilhados”, “sacrificados” e muitas vezes torturados nas práticas de pesquisas e até mesmo por falta de conhecimento das pessoas que lhe assistiam.

          Esse quadro veio sofrendo alterações de forma lenta, através dos diferentes paradigmas. No Brasil até meados da década de 50 no século XX, ainda era adotado o paradigma da institucionalização para pessoas portadoras de necessidades especiais e doenças mentais, as pessoas ficavam encarceradas, privadas do ambiente social.

          Após este paradigma, começaram a implantar serviços de reabilitação profissional para pessoas com deficiência e outras questões para reabilitação da vida em sociedade. Junto a isso também tinham a Instituição total, lugar onde trabalhavam e também residiam, pois assim eram formalmente administrados.

          Nas décadas de 60 e 70, surgia o paradigma de serviços que deu início a desinstitucionalização dessas pessoas e a oferta de serviços de avaliação e de reabilitação globalizada, em instituições não residenciais, embora ainda segregadoras. Nos anos 80 e 90 devido aos avanços tecnológicos e da própria medicina, foi proposto o Paradigma de Suporte que centrou-se na prática inclusiva de todas as instâncias, visando espaços sociais organizados para atender ao conjunto de características e necessidades de todos os cidadãos, inclusive daqueles que apresentam necessidades educacionais especiais.

          Portanto, essa trajetória histórica mundial é muito recente, todos os países se voltaram para essa questão após o período da guerra, a diferença é que alguns países conseguiram em pouco tempo, se articular melhor. O processo de inclusão no Brasil é muito lento, recente até, pois o país está se adequando. No ensino fundamental da década de 80, e médio nos anos 90, o contato com pessoas com necessidades especiais na escola era difícil, tanto é que não havia a preocupação com rampas de acesso, nem sinaleiras sonoras, ônibus que demarcassem acentos ou tivessem escadas automáticas para cadeirantes, intérpretes de libras em propagandas e seminários são ações que estão embutidas no nosso dia a dia e que muitas vezes não se leva em consideração porque não se tem o conhecimento histórico e político das questões inclusivas, na verdade, são questões básicas e eram para estar acontecendo a mais tempo, porém, a população não foi preparada para esta prática.

          Entende-se, que seja necessário que as escolas aprofundem estudos sobre os documentos orientadores no âmbito internacional para iniciar uma nova etapa na educação inclusiva. A perspectiva de inclusão é um desafio , mas para que se torne efetiva, é necessário identificar se as pessoas com necessidades especiais estão sendo realmente contempladas para o exercício da cidadania.


1 - Cristiane Barcelos Dias, Tânia Graziadei – PDN 31

2 - Educação Inclusiva: a fundamentação filosófica, 2.ed. / organização Maria Salete Fábio Aranha, Brasília:
     MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006
     28 p. (Série: Educação Inclusiva; 1).