Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.



             Este estudo está sendo realizado, com a finalidade de compreender a hiperatividade e orientar-nos enquanto educadoras a cerca do desenvolvimento da aprendizagem da criança portadora deste transtorno, pois é alarmante o número elevado de crianças e adolescentes que vem apresentando estes sintomas em nossa sociedade.
             Entendemos que, na atual conjuntura da sociedade há fatores familiares, culturais e biológicos entre outros que interferem no desenvolvimento da criança e do adolescente, e que se refletem diretamente na escola, e conseqüentemente na sala de aula. Muitas vezes, ao trabalhar com crianças em sala de aula, encontramos dificuldades em desenvolver as atividades devido ao seu comportamento e a falta de conhecimento do educador faz com que classifiquemos todos da mesma forma: ou são hiperativos, ou desobedientes e indisciplinados.
            Espera-se que este estudo sirva de orientação para distinguir a hiperatividade da falta de limite, porém deve-se ter muito cuidado, pois a linha que separa essas duas situações é muito tênue, deixando assim pais e professores aflitos quanto ao desenvolvimento do trabalho com crianças portadoras do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH.

2 CONCEITUANDO TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE/TDAH
      
              Para compreendermos o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, primeiramente é necessário esclarecer a diferença entre o conceito de hiperatividade e transtorno de déficit de atenção. Muitas crianças são portadoras de TDAH, mas nem sempre a criança desatenta pode ser considerada hiperativa, embora as crianças hiperativas, geralmente apresentem déficit de atenção. Gerber apud Silva (2003), entende a distrabilidade, a Impulsividade e a hiperatividade da seguinte forma:

2.1 DISTRABILIDADE - muitas crianças que apresentam distúrbio de déficit de atenção (ADD), juntamente com distúrbio de aprendizagem parecem ter uma extensão de atenção curta; ou seja, sua habilidade de concentração é limitada em duração. Uma habilidade reduzida para focalizar estímulos relevantes a tarefas externas ou para mudar, flexivelmente, entre o processamento interno e externo é vista como devastadora para a concentração e a aprendizagem (RUDEL, 1988).

2.2 IMPULSIVIDADE - a impulsividade é um padrão de resposta excessivamente rápida na ausência do processamento adequado de informações ou monitoração de adequação, ou precisão.

2.3 HIPERATIVIDADE – A natureza e a etiologia dos distúrbios de atenção e, mais especificamente, hiperatividade, foram assuntos de debate no decorrer das duas a três últimas décadas. Na perspectiva médica a hiperatividade foi considerada como sintoma de prejuízo neurológico (DENCLA, 1972).

            Através de estudos e pesquisas tem se atribuído várias siglas e denominações para referir-se ao Distúrbio de Déficit de Atenção. Em um número recente da Atenttion, revista americana do CHADD, uma associação de DDAS e simpatizantes, foi sugerido que de agora em diante, se utilizasse a sigla DA/HI quando estiverem discutindo sobre o Distúrbio do Déficit de Atenção com hiperatividade-impulsividade, enquanto DDA será usado o distúrbio com características predominante desatentivas.
            Na visão de Silva, 2003. o DDA é um trio de respeito: distração, impulsividade e hiperatividade. O comportamento DDA nasce do que se chama trio de base alterada. E a partir desse trio de sintomas – formado por alterações de atenção, impulsividade e da velocidade da atividade física e mental – que irá se desvendar todo o universo DDA, que, muitas vezes, oscila entre o universo da plenitude criativa e o da exaustão de um cérebro que não para nunca.

3 POSSÍVEIS CAUSAS DO TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE.
          
            Na visão de alguns autores sobre as possíveis causas do Distúrbio de Déficit de Atenção e Hiperatividade, sabendo-se que, esse distúrbio ainda está sendo pesquisado, pois há muitos questionamentos que não tem uma resposta definida. Para Goldstein (2000), a hiperatividade tem como as principais causas:

- traumas durante o parto- distúrbios clínicos;
- distúrbios convulsivos;
- efeitos colaterais de medicamentos;
- dieta alimentar;
- chumbo;
- infecções de ouvido;
- hereditariedade;
- lesões cerebrais.

          A hereditariedade é a causa mais freqüente de hiperatividade, podendo assim ser compreendida como resultante de uma disfunção do centro de atenção do cérebro que impede que a criança se concentre e controle o nível de atividade, as emoções e o planejamento. O comportamento hiperativo, portanto, pode ser encarado como um mau funcionamento desse centro de atenção, acarretando problemas de desempenho. Alguns autores concordam em parte, porém, pesquisas recentes constataram que o Distúrbio de Déficit de Atenção, trata-se de uma disfunção e não de uma lesão cerebral como anteriormente se pensava. Segundo Silva (2003), os diversos fatores que estão envolvidos no funcionamento do cérebro DDA, são:

- fatores genético
- alterações estruturais e funcionais no DDA;
- fatores ambientais (externos);
- visão multifatorial.

4 CARACTERÍSTICAS DO TDA/H

            Existem algumas características básicas que, segundo Rhode e Benczik (1999), são: desatenção, agitação (ou hiperatividade) e impulsividade. Pode levar a dificuldades emocionais, de relacionamento familiar e social, bem como a um baixo desempenho escolar. Muitas vezes é acompanhado de outros problemas de saúde mental.

4.1 SINTOMAS DA DESATENÇÃO

a) não prestar atenção a detalhes ou cometer berros por descuido;
b) ter dificuldade para concentrar-se em tarefas e/ou jogos;
c) não prestar atenção ao que lhe é dito (“estar no mundo da lua”)
d) ter dificuldade em seguir regras e/ou não terminar o que começa;
e) ser desorganizado com as tarefas e materiais;
f) evitar atividades que exijam um esforço mental continuado;
g) perder coisas importantes;
h) distrair-se facilmente com coisas que não tem nada a ver com o que está fazendo;
I) esquecer compromissos e tarefas.

4.2 SINTOMAS QUE FAZEM PARTE DO GRUPO DE HIPERATIVIDADE/IMPULSIVIDADE

a) ficar remexendo mão e/ou pés quando sentado;
b) não parar sentado por muito tempo;
c) pular, correr excessivamente em situações inadequadas ou ter uma sensação interna de inquietude (ter
    bicho carpinteiro por dentro)
d) ser muito barulhento para jogar ou divertir-se;
e) Ser muito agitado (“a mil por hora” ou “um foguete”);
f) falar demais;
g) responder às perguntas antes de terem sido terminadas;
h) ter dificuldade de esperar a vez;
i) intrometer-se em conversas ou jogos dos outros.

5 ALGUMAS ORIENTAÇÕES...

5.1 AOS PROFESSORES

            Para que os alunos com TDAH sejam estimulados, se faz necessário que tanto a escola quanto a família tenham a compreensão do que acontece no processo do desenvolvimento deste sujeito. Para isso, deve-se ter um olhar especial para as ações aplicadas no intuito de contemplar o desenvolvimento cognitivo, psicomotor e afetivo. Antes de qualquer coisa, os professores devem fazer uma avaliação dos pontos abaixo:

      • Qual é a dificuldade mais importante do aluno portador de TDAH? O que mais atrapalha no 
         desempenho escolar daquele aluno?
  • Ao conseguir responder essa pergunta, o professor cria melhores condições para traçar as estratégias que aplicará em sala de aula. Quando se conhece aquilo que de fato tem atrapalhado o bom desempenho de um determinado aluno, fica mais fácil pensar em soluções viáveis e eficazes. Depois disso, o segundo passo é saber distinguir o que o portador é capaz de fazer ou não. Observar o aluno e estudar o TDAH são as melhores formas de distinguir o que é sintoma e/ou conseqüência do transtorno e o que não é. Nesse sentido, cuidado para não repreender o tempo todo: sintomas primários não podem ser punidos.

  • Recompensar progressos sucessivos ao invés de esperar comportamento perfeito. Essa é uma dica de ouro! Independente de ser portador de TDAH, essa dica deve valer para todos e para todo processo de mudança importante. Para o TDAH é ainda mais válido, porque os portadores tem mais dificuldade em lidar com recompensas a longo prazo.
          Todos os recursos abaixo podem e dever usados para os alunos portadores de TDAH. Construí-los de uma forma divertida e em grupo com os alunos, ajuda ainda mais a engajá-los na importância de tais ferramentas.
  •  Lembretes em agendas e/ou cadernos
  • Listas de tarefas
  • Anotações em provas e trabalhos
  • Quadro de Avisos e cronogramas, servindo como ferramentas organizadoras de horários e datas importante
  •  Outra dica, ainda dentro dessa dica é eleger juntos com os alunos alguns representantes para serem responsáveis por cada um desses recursos. 
             O importante é o resultado e não o processo. Esse é um dos conceitos da educação inclusiva, que não pode ser perdido de vista. O ideal, não é tentar encaixar a todo custo um aluno com especificidades em um modelo educacional, que mais dificulta do que facilita o aluno portador de TDAH a desenvolver sua competência.
  • Ambientes com muitos distratores/estímulos externos devem ser evitados. Uma sala de aula deve contar apenas elementos necessários para a situação de aula, daquele momento. Murais com muitas informações ficam mais bem colocados nos corredores, por exemplo. Músicas ou barulhos externos com freqüência também devem ser evitados.
  • Atividades que exijam maior integridade da atenção sustentada devem ser feitas preferencialmente no início da aula, ou seja, as tarefas que demandem mais atenção contínua por um período de maior devem ser priorizadas e assim serem feitas no início da aula.
  • Por exemplo: Provas deverão acontecer no primeiro tempo de aula. No último tempo o aluno já teve várias aulas, de várias matérias, que acabam funcionando como elementos de distração e podem prejudicar todos os alunos, especialmente os portadores desnecessariamente.
  • Conscientizar os alunos portadores de TDAH do tipo de prejuízo que o comportamento impulsivo pode trazer tanto para ele quanto para o grupo. Os portadores precisam se dar conta de que interromper a fala da professora ou a andamento das atividades pode ser altamente improdutivo para ele e para o grupo. Isso deve ser feito individualmente e de forma que não culpe o aluno. Apenas sirva como uma conversa esclarecedora.

5.2 DICAS PARA PAIS

            Educar um filho com TDAH, não é tarefa das mais simples. Paciência, firmeza e disciplina são algumas das características que quem convive com o portador de TDAH, precisa ter. Além de seguir com comprometimento o tratamento prescrito pelo médico, há algumas dicas simples que podem tornar a vida dos pais e da criança mais sadia e feliz.
             O comportamento dos pais não é a causa do TDAH, mas pode agravá-lo. Um lar estruturado, com harmonia e carinho, é importante para qualquer criança, e indispensável para os portadores de TDAH, que precisam de bastante suporte para superar suas dificuldades.
             A casa precisa ter regras claras e que sejam seguidas por todos. Os pais atuam como modelo para os filhos, portanto, devem agir como gostariam que ele agisse. Só assim, a criança terá parâmetros de comportamento bem definidos e saberá o que é exigido dela.
             Elogie, elogie, elogie. É sempre melhor dar atenção aos bons comportamentos do que punir sempre que algo indesejável acontece. Não espere pelo comportamento perfeito. Valorize pequenos passos alcançados. Lembre-se que ela está sempre tentando corresponder às expectativas, mas às não consegue. Crianças portadoras de TDAH tendem a ser muito criticadas, rotuladas de bagunceiras e desobedientes e podem se sentirem frustradas por não conseguirem corresponder às expectativas dos adultos. Ofereça atenção e carinho ao seu filho.
             Dar carinho e atenção não significa deixar de educar com firmeza, impondo limites quando necessário. A criança precisa aprender a cumprir regras e o respeito a elas deve ser exigido. Leia sobre o assunto para entender o que se passa com seu filho e qual a melhor maneira de ajudá-lo. Compreenda suas limitações, não exija demais dele, e invista em suas potencialidades. O psiquiatra, o neurologista e o psicólogo especializados em TDAH, são sempre a melhor fonte para recomendar livros, textos e sites relacionados.

6 CONCLUSÃO

              Diante do que foi abordado neste estudo, verificamos que o Déficit de Atenção e Hiperatividade ainda é um distúrbio que se encontra em um processo de pesquisa, pois é tudo muito novo sobre este tema e com um enfoque que abrange áreas do cérebro humano, que por ser muito complexo, a ciência ainda não tem respostas precisas.
              Parte da nossa sociedade vem apresentando um quadro preocupante em busca do sucesso pessoal, pois vivemos em uma sociedade capitalista onde as relações humanas são colocadas em segundo plano, atingindo diretamente as crianças, os jovens e os adolescentes, gerando diversas situações como: estresse, drogadição, violência emocional, física, entre outros fatores.
              Este estudo ampliou nossos conhecimentos, mas consequentemente nos trouxe dúvidas e questionamentos a respeito da fronteira entre o comportamento social e o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Mas com os dados que temos, já é um bom caminho para desenvolver um trabalho significativo com as crianças que por ventura apontem em seu comportamento, este tipo de distúrbio. Para isso, precisamos contar com profissionais cada vez mais qualificados e comprometidos com o aprendizado destes alunos.


REFERÊNCIAS

COOL, César; PALACIOS, Jesús; MARCHESI, Alvaro. Desenvolvimento Psicológico e Educação – Necessidades Educativas Especiais e Aprendizagem Escolar. Porto Alegre: Artmed, 1995.

GOULDSTEIN, Sam; GOLDSTEIN Michel. Hiperatividade: Como desenvolver a capacidade de atenção da criança. 4 ed. Campinas, SP: Papirus, 1998.

RHODE, Augusto P., BENCZIK, Edyleine B. P., Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade – O que é e como ajudar. Porto Alegre: Artmed, 1999.

SILVA, Ana Beatriz B. Mentes Inquietas: Entendendo melhor o mundo das pessoas distraídas, impulsivas e hiperativas. São Paulo: Gente, 2

http://www.tdah.org.br/

http://www.rota83.com/